M. Laurinda R. Sousa
Em alusão ao Dia Internacional dos Direitos Humanos o Núcleo Semente – Saúde Mental e Direitos Humanos Relacionados ao Trabalho, promoveu, em 14/22/2024, um encontro presencial, no Instituto Sedes Sapientiae, sob o título “DIREITOS HUMANOS: TRABALHO, SAÚDE E SUAS DIFERENTES DETERMINAÇÕES”. O tema foi abordado na perspectiva de gênero, raça e imigração no mundo do trabalho contemporâneo do nosso país.
A mesa, coordenada por Ana Yara Dania Paulino Lopes, teve a participação de Wendy Ledix e Winnie Nascimento dos Santos.
Reproduzimos a seguir a fala de abertura feita por Ana Yara. Fala potente no convite à análise e confronto com as experiências trágicas que continuamente nos atravessam.
Cada momento histórico tem seus desafios. Conhecer esses desafios, é o primeiro passo para pensar estratégias de luta pela VIDA e na defesa pelos DH – sejam estas coletivas, em pequenos ou grandes grupos.
Manifestações de indignação pela violação de DH acontecem todos os dias: são atos, passeatas, abaixo assinados, fóruns, ações de resistência etc.
A Declaração dos Direitos Humanos da ONU completou 76 anos no dia 10/12, terça-feira passada. Ela respondeu a uma vontade de paz, a um consenso após a 2ª. Guerra Mundial e suas tragédias, aviltações da vida humana em todos os sentidos. Mas não podemos esquecer que na mesma data, em 1948, também a mesma ONU permitiu a criação do estado de Israel e os governos que ali se sucederam invadem casas, plantações, promovem genocídio das populações palestinas, alargam suas fronteiras territoriais. Criam postos de controle para não permitir livre circulação de pessoas, de comida, de remédios, de água, espalhando ameaças, tortura, discriminação, morte.
Que contradições do capitalismo que tornam os DH tão contemporâneos e tão indispensáveis?
O Brasil estava presente nessa histórica Assembleia da ONU. O que estamos fazendo para cumprir os compromissos ali assumidos? Assassinatos de lideranças de movimentos sociais, feminicídios, denúncias de casos de Trabalho Análogo a Escravo todos os meses, falta de garantias trabalhistas, condições de trabalho adoecedoras – fisícas e mentais...
Nesses últimos dias tivemos uma grande conquista: a aprovação pelo Senado Federal da Política Nacional de Cuidados. O que mais? Vale em outro momento fazermos esse balanço, pois apesar de tudo, na contramão, também há vitórias.
A Declaração dos DH nos remete `ao que consideramos justo, possível, necessário para uma vida digna. Mas quem somos nós??? Que nós é esse?
Com certeza não aqueles representantes do grande capital, dos defensores do neoliberalismo, da necropolítica, que desejam privatizar, tornar mercadoria tudo e todos.
Nós, que nos importamos com os DH, e que não temos sossego ao presenciar tantas violações, ao contrário daqueles, precisamos nos aquilombar para nos fortalecer, lutar, conquistar, avançar.
Então, nada melhor do que prestarmos atenção nas mensagens dos colegas dessa mesa, focando nos Direitos Humanos, Trabalho e Saúde, em suas múltiplas e transversais determinações.
A eles e a vcs todes, todas e todos, presentes aqui no Sedes, agradecemos a generosidade e solidariedade de estarmos juntos na luta pelos DH na importância crucial desse momento.